No matter what... (1º capítulo)

Bem, em primeiro lugar...Olá pessoal!!!

Hoje resolvi vir até aqui postar esta minha FF...Pobre coitada,já não escrevia nada nela há já meses...Quando a comecei a escrever, postei logo no fórum oficial português dos TH, mas depressa a imaginação foi escaceando (é por isso que eu gosto de OS, assim ao menos a minha imaginação não me falta a meio)...E, como tal, a FF acabou por ficar em stand by...No entanto, nestes últimos dias tenho escrito mais umas coisinhas...E achei que seria simpático começar a partilhar a nhanha que eu escrevo com vocês aqui do fórum também...

Para já, deixo-vos com o primeiro capítulo...

Espero que gostem...

(E por favor, a gente que participa neste fórum ainda é tão pouca...Por isso pedia a quem lesse, que comentasse...Pode ser??...Please??? )

Bem,agora é que vem mesmo o capítulo...

Beijos....

A rua era suja e vazia…Não se perscrutava nem um sinal de vida…O vento era cortante e gélido…As nuvens no céu, negras e ameaçadoras…Uma tempestade estava eminente…Era, sem dúvida, o pior cenário que eu poderia imaginar para aquela que estava a ser a mais difícil e dolorosa conversa de sempre, na minha vida…

- Desaparece Tess!!!...Nem quero saber de mais histórias da carochinha…Não penses que é com as tuas falinhas mansas que eu me vou deixar enganar…Não quero essa coisa e ponto final…Acabou a conversa…- Ele falava com uma rispidez e indiferença chocantes…Nunca pensara que ele pudesse ser assim…

- Como é que podes achar que isto se resolve assim John?...E como não queres esta coisa?...Esta “coisa” é um filho, John…Que eu não fiz sozinha…. – Eu estava desesperada….Sentia-me a desabar…

- Sozinha podes não tê-lo feito…Mas comigo também não foi…

- Não foi???...Se não foi contigo, então foi com quem???...Explica-me…Nós andamos há anos…Nunca estive com mais ninguém para além de ti…Como é que podes pôr em causa que o filho seja teu…Como??? – Tentava, por tudo, chamá-lo á razão…Ele não podia estar a fazer-me aquilo…Não podia…

- Isso de nunca teres estado com mais ninguém, é o que tu dizes…E não quer dizer que seja verdade…Minha querida, putinhas como tu…Já eu vi muitas na minha vida…

Não me consegui controlar mais…As lágrimas que há muito ameaçavam cair começaram, finalmente, a rolar-me pela face…Não conseguia acreditar que ele me estava a fazer aquilo…Não podia ser verdade!...Como é que ele podia???...Estava com ele desde sempre…Não me lembrava de, algum dia, ter tido outro namorado para além dele…Fora o primeiro, ainda na infância, e permanecera o único até aquele momento…Sempre lhe dera tudo de mim…Todos os meus momentos haviam sido para ele…E agora que eu mais precisava, ele estava a abandonar-me…A mim e ao pequeno ser que eu trazia dentro de mim…Agora que eu mais precisava dele ao meu lado, ele abandonava o barco…Não se importava, sequer…Como é possível que me tivesse enganado tanto a respeito de uma pessoa, durante tantos anos???...Que amor era aquele que ele dissera sentir por mim, durante todo aquele tempo???...Não era nenhum…Simplesmente nenhum…Ninguém que ama outra pessoa a abandona à sua própria mercê no momento mais desesperante da vida dela…Uma raiva enorme ameaçava tomar conta de mim…Sentia-me suja…Tive nojo de mim mesma…Como é que algum dia tinha conseguido deixar que um monstro daqueles me tocasse sequer???...Não tive noção do que estava a fazer…Apenas acordei do transe no qual havia mergulhado quando ouvi o som da minha mão a embater, com toda a força possível, na cara daquele filho da mãe…

- Nunca…Nunca mais repitas isso…!!!

Não tive tempo sequer de proferir mais, fosse o que fosse…Quando dei por mim, estava já caída no chão frio daquela rua suja…Aquele nojento pagara-me na mesma moeda…Eu não tivera hipótese perante a força que ele depositara no estalo que me dera…

- Não queiras arranjar mais problemas para o teu lado, menina Tess…Estou-me pouco importando com o que acontece contigo ou com esse teu pseudo-filho…Por isso, mantém-te, a partir de agora, bem longe de mim…Arranja-te como quiseres…Mas nem tentes dar-me cabo da vida com as merdas que fazes…Ou vais ter graves problemas com essa tua linda gravidez…

Baixou-se, ficando de cócoras à minha frente…Eu ainda continuava no chão, sentada…Levou-me a mão ao queixo, apertando com uma força quase brutal, levantando-me o rosto, de maneira a que eu o olhasse bem nos olhos…

-Entendes-te bem??? – perguntou-me com aspereza…

Cada segundo que passava ele me apertava o queixo com mais força…E o seu olhar…O seu olhar parecia demente…Senti medo…Medo do que ele me poderia fazer e do que aconteceria ao bebé em consequência disso…E não fui capaz de fazer mais nada para além de um quase imperceptível aceno de cabeça…

- Óptimo…- respondeu-me – Ainda bem que ficamos esclarecidos…

Vi-o levantar-se, virar-me costas e começar a caminhar pela rua deserta, desaparecendo, por fim, no virar de uma esquina…Não olhou uma única vez para trás…Não fez nem um único movimento que demonstrasse arrependimento…Eu apenas o consegui ver a afastar-se…E permaneci ali, imóvel, ainda sentada no chão…O meu olhar, sempre fixo no mesmo ponto…A esquina onde a imagem dele acabara de se desvanecer…Vagueava, sem destino, pelas ruas desertas…Apenas o vento e a chuva, que há muito começara a cair, me serviam de companhia… Seguia por aquela avenida, alheia a tudo o que me rodeava, perdida nos meus próprios pensamentos…

Vagueava, sem destino, pelas ruas desertas…Apenas o vento e a chuva, que há muito começara a cair, me serviam de companhia… Seguia por aquela avenida, alheia a tudo o que me rodeava, perdida nos meus próprios pensamentos…

O vento fustigava-me o rosto…As gotas de chuva misturavam-se com as minhas lágrimas…A chuva caía em mim, com toda a sua força, e nem assim eu era capaz de qualquer reacção…Apenas deixava a água embater no meu corpo…Mesmo estando encharcada, aquilo parecia ser a única coisa capaz de me acalmar naquele momento…Era quase como um ritual de purificação…Como se toda aquela água, chovendo em mim, me conseguisse fazer parar de sentir suja, imunda…

Toda aquela situação estava bem vívida na minha memória…As horas haviam passado e o meu desespero, esse só tinha aumentado…Não iria conseguir suportar tudo aquilo sozinha!...Não ia…Sentia-me a beira de um abismo, prestes a cair daquele precipício…

Como é que eu, sozinha, sem o apoio de ninguém, iria conseguir enfrentar aquela tempestade???...Eu, grávida, 17 anos, abandonada pelo namorado, expulsa de casa pelos pais…A minha vida era um inferno!!!...Aquilo só podia ser o inferno!!!

Será que valia a pena ir com aquilo para a frente???...Valeria a pena levar aquela gravidez até ao fim, para depois nada ter para oferecer ao meu filho???...Até que ponto era justo sujeitar uma criança indefesa ás crueldades da vida???...A vida era injusta…Sempre o fora…Sempre o iria ser…E eu era uma prova viva disso…

Não conseguia respirar…Sentia-me a sufocar…O que fazer?...Para onde ir?...Como sobreviver?...Tantas dúvidas…Tão poucas certezas…Porque é que aquilo me tinha que ter acontecido???...Porquê???...Porquê a mim???...Tantas mulheres no mundo havia que queriam ter filhos e não conseguiam…E tinha de ser logo eu, que não queria e muito menos tinha condições para tal, a ficar grávida…Maldito descuido!!!...Maldita hora em que me deixara levar pela conversa daquele sacana!!!...Maldito!!!...Maldito!!!

Como é que ele tivera coragem para me fazer tal coisa???...Fugiu da situação como se nada fosse…Não se importaria ele, mesmo, com o que me pudesse acontecer a mim e á criança???...Ou seria aquilo tudo apenas a maneira estúpida e impulsiva dele lidar com a situação???...Será que algum dia se iria arrepender???...

Era-me indiferente!!!...Queria que ele fosse para o inferno!!!...Que ardesse lá por muito tempo!!!...Não precisava, ao meu lado, de pessoas que não gostam de mim…Que se lixasse ele!!!…Que se lixassem os meus pais, que também haviam sido mesquinhos ao ponto de não me apoiarem sequer!!!…Que se danem todos eles!!!...Não ia desistir da minha vida por pessoas que apenas haviam demonstrado que não mereciam sequer a minha atenção…Não iri...

Apenas me lembro de ver duas luzes dirigindo-se na minha direcção…Aproximando-se cada vez mais…Sem dar por isso, entrara para dentro da estrada...As luzes, cada vez mais perto…E eu, estática…Incapaz de fazer um movimento sequer…Estava em choque…Vi toda a minha vida passar, em câmara lenta, na minha mente…Talvez, no fim, até fosse melhor assim…Pelo menos o sofrimento e a mágoa cessariam…Cada vez mais perto…Cada vez mais perto…Até que senti…Senti alguém enlaçar-me pela cintura...